Para o desenvolvimento da fala e da linguagem da
criança o papel da audição é fundamental. Estudos comprovam que a detecção de
alterações auditivas e a intervenção iniciada até os 6 meses de idade, garantem
um desenvolvimento comparável com crianças normais, de mesma faixa etária que
não tiveram nenhuma alteração auditiva. Daí a importância da detecção e
intervenção ainda nos primeiros meses de vida! Essa avaliação engloba um conjunto
de testes que tem como objetivo determinar se o bebê ou a criança tem audição
normal, perda auditiva ou alteração de processamento auditivo, avaliando o
funcionamento dos sistemas de audição periférico e central.
Esta avaliação não deve estar somente presa à
obtenção dos limiares auditivos, deve ser um processo mais amplo onde se
observa a criança, sua audição e seu comportamento frente ao mundo sonoro.
A observação do comportamento da criança durante o
processo de avaliação audiológica pode fornecer pista de informações sobre o
desenvolvimento global deste paciente, de modo a auxiliar o diagnóstico de
outros distúrbios associado à deficiência auditiva.
A avaliação da criança e de sua
audição deve ser baseada nas respostas que a criança pode apresentar em cada
momento, ao longo do seu desenvolvimento.
A avaliação auditiva infantil pode ser
realizada através de procedimentos denominados
objetivos, são aqueles que independem da colaboração e da interação do paciente
com o examinador como Emissões Otoacústicas, Potenciais Evocados Auditivos e Imitanciometria. Os subjetivos são aqueles que
necessitam de interação do paciente com o examinador e muitas vezes dependem
dessa colaboração para a confiabilidade dos resultados, por exemplo, Avaliação
do Comportamento Auditivo, Audiometria condicionada, Audiometria com Reforço
Visual e Avaliação do Processamento Auditivo.
Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico
Processamento
auditivo envolve a detecção e a interpretação de eventos sonoros. O
processamento auditivo é desenvolvido nos primeiros anos de vida e está
relacionado com as habilidades auditivas, tais como: localização, memória,
atenção e discriminação. A avaliação de processamento é um procedimento
subjetivo que inclui vários testes que são selecionados de acordo com o nível
de linguagem e a faixa etária do paciente.
É
realizada com audiômetro de dois canais que permite a introdução de estímulos
acústicos diferentes ao mesmo tempo na mesma orelha (tarefa monótica) ou ao
mesmo tempo um em cada orelha (tarefa dicótica). Utiliza-se cabine acústica
para controlar o ambiente, já que os estímulos acústicos vão provocar uma
situação de escuta desfavorável.
A
avaliação de processamento auditivo tem como objetivos contribuir no
diagnóstico; direcionar o tratamento; determinar quais as habilidades auditivas
que estão prejudicadas, assim como estabelecer um parâmetro de medida
quantitativa de uma característica qualitativa.
Quando
realizar essa avaliação?
- Prejuízo das habilidades auditivas (atenção,
localização, memória...)
- Dificuldade de aprender a falar e/ou ler e/ou
escrever;
- Inquietude motora, agitação, desatenção;
- Fala muito hã? O quê?
- Lento para compreender o que ouve.
- Dificuldade de escutar e/ou compreender em ambiente
ruidoso
- Problemas de fala : /l/ e /r/, /s/ e /ch/
- Alterações de escrita e leitura.
Imitanciometria
A medida de
imitância acústica da orelha média é um método objetivo e de fácil aplicação. É
rápido, simples e oferece dados importantes no diagnóstico clínico, por isso
deve fazer parte da avaliação auditiva básica. A imitanciometria inclui três
etapas: a timpanometria, a compliância e a medida dos reflexos acústicos. A imitanciometria
vai identificar as alterações de orelha média e determinar o funcionamento do
sistema tímpano-ossicular e o arco reflexo do VIII par craniano
(vestíbulo-coclear, sensitivo) e do VII par craniano (facial, motor).
O equipamento
utilizado para realizar esse exame é o impedanciômetro, também chamado de
analisador de orelha média. É capaz de medir o nível de pressão sonora em uma
cavidade fechada.
O objetivo principal
desse exame é determinar a existência ou não de patologias de orelha média.
Quando realizar essa
avaliação?
- Pode ser realizado em bebês complementando a triagem
auditiva
- Suspeita de alteração de orelha média (por ex.:
otite, disfunção tubária, otoesclerose)
- Criança que fala alto demais e pede muito para
repetir
- Dor de ouvido (otite), alergias respiratórias e/ou respiração bucal
Avaliação do Comportamento Auditivo
É indicada para
crianças de 0 a
24 meses de idade. São utilizados estímulos sonoros instrumentais, verbais e
tom puro modulado em
freqüência. Essa avaliação é realizada por meio da observação
das mudanças de comportamento decorrentes da apresentação de um estímulo
sonoro. A interação entre a criança e o examinador é muito importante para o
sucesso da avaliação, além do estado físico e psíquico da criança, uma vez que
esse procedimento é subjetivo, portanto, depende da resposta do paciente.
O
objetivo principal dessa avaliação é descartar possíveis perdas auditivas
severas e profundas e acompanhar o desenvolvimento do processamento auditivo.
Quando
realizar essa avaliação?
- Presença de fatores de risco para alterações
auditivas na história clínica (por ex. síndromes, herança genética,
rubéola na gestação)
- Atraso de linguagem, por exemplo, um bebê com um ano
e meio de idade que ainda não fala nada
- Não acorda quando exposto a um som de forte
intensidade
- Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor
- Suspeita de perda auditiva por parte dos familiares
Audiometria Condicionada
Através de uma
brincadeira previamente estabelecida com a criança, onde ela realiza
determinada atividade motora (encaixe de brinquedo, apertar um botão ou colocar
objetos em recipientes) no momento em que ouvir o som. A
audiometria lúdica pode ser realizada com reforço visual, onde ocorre a
apresentação de um estímulo sonoro seguido de um estímulo visual para
condicionar a criança.
Realiza-se
também a logoaudiometria lúdica na avaliação infantil, a criança é instruída a
apontar para as figuras ouvidas ou executar a ordem dada, mesmo se o volume
estiver baixo. Na maioria das vezes é a melhor resposta e mais fidedigna
da criança.
Audiometria com Reforço Visual
Este teste é mais efetivo para crianças de 6 meses a 3 anos.
Preferencialmente, a criança fica em uma sala com tratamento acústico ou cabine
acústica, sentada no colo da mãe ou do pai. Duas caixas acústicas, ligadas a um
audiômetro, são posicionadas uma de cada lado da criança. A técnica de
distração é então utilizada. Quando a criança encontra-se atenta ao avaliador,
este apresenta um estímulo sonoro em uma das caixas acústicas e a resposta da
criança é seguida da apresentação do estímulo visual, que se constitui de um
desenho apresentado em televisão.
O objetivo do teste é avaliar a audição, obtendo-se limiares através do reforço visual de qualquer comportamento da criança frente ao estímulo sonoro, como, por exemplo, localizar a fonte sonora, piscar, ou arregalar os olhos.
O objetivo do teste é avaliar a audição, obtendo-se limiares através do reforço visual de qualquer comportamento da criança frente ao estímulo sonoro, como, por exemplo, localizar a fonte sonora, piscar, ou arregalar os olhos.
Referências Bibliográficas
NORTHERN,JERRY L., DOWNS, MARION P.Audição na Infância. 5ª Edição. São Paulo. Editora Guanabara Koogan,2005.
Carvallo RMM. Fonoaudiologia, informação para a formação: procedimentos em audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003.
ROCKLAND, A. BORBA, J. Primeiros passos na fonoaudiologia. Conhecer para intervir nas patologias, distúrbios e exames fonoaudiológicos. 2ª Edição. São José dos Campos. Pulso Editorial, 2006.